“Mágico”, terá sido o adjectivo mais vezes escutado (e lido) junto dos que assistiram aos espectáculos ocorridos no Teatro Tivoli BBVA e na Casa da Música – a proposta de Samuel Úria em levar a palco todas as canções que compuseram esse registo e concretizá-lo com a colaboração dos que à época com ele fizeram de “O Grande Medo do Pequeno Mundo” um disco charneira da sua discografia, foi inteiramente ganha.

Desde logo pelo interesse e entusiasmo do público que esgotou as duas salas que receberam esta celebração. Depois, pelo momentos musicais proporcionados:
com Jorge Rivotti, o primeiro convidado da noite, para a reprodução de “O Deserto” e a estreia mundial de “Fado Emaranhado”, tema com letra de Samuel para uma composição de Rivotti;
com Manel Cruz, a par de “Lenço Enxuto”, seguramente um dos momentos mais emotivos da noite,  a recriação de “Ninguém é quem queria ser”, tema do projecto Foge Foge Bandido, aqui numa versão “urineana”;
com Márcia e TOMARA, para “Eu Seguro” e “Menina”, este da autoria da convidada e incluído no seu álbum “Casulo” também editado em 2013;
com António Zambujo e Miguel Araújo, o remake em cena de “Trunvirato” a que se somou “Império”, tema incluído no primeiro álbum oficial da Samuel Úria “Nem Lhe Tocava” e que no concerto contou ainda com a participação do coro de nove vozes, dando a dimensão sonora e espiritual que a canção merece.

E se estes não fossem já motivos suficientemente fortes, uma vez mais a constatação de estarmos perante um talento único no panorama da produção musical nacional – seja enquanto escritor de canções ou como performer, Samuel Úria nunca desilude.

(foto de Rita Carmo)