A edição de 2024 de “Conta-me Uma Canção” terminou ontem pelas vozes de Márcia e Luísa Sobral. Foi a última de quatro noites de partilha genuína entre artistas e público, que ficarão, certamente, na memória dos que encheram o Teatro Maria Matos. Um formato único que proporciona ao público uma experiência distinta da habitualmente vivida em eventos musicais.
 
As duas cantautoras entraram em palco de mãos dadas, dirigindo-se para o piano para a interpretação conjunta de “Coisas Pequeninas”, com Luísa Sobral a assegurar a instrumentação. De fundo, uma fotografia das duas sorridentes, que levantou o véu para uma noite que foi especialmente pautada pela amizade. Luísa, ainda ao piano, cantou “Pega em Mim”, de Márcia, passando depois para um momento à guitarra onde cantaram juntas “Menina” e “Vai e Vem”.
 
As artistas começaram por partilhar a história do início da sua relação que já leva 12 anos, a maternidade que as uniu e a proximidade das suas famílias – Luísa Sobral é madrinha de casamento de Márcia e Filipe Cunha Monteiro (a.k.a. Tomara, que protagonizou a segunda noite de “Conta-me Uma Canção” juntamente com Surma). Foi nesta nota que Márcia chamou Filipe ao palco, para tocar consigo a canção “O Teu Lugar”, que escreveu para a filha de ambos. De seguida, Luísa cantou sozinha a sua canção “Para Ti”, durante a qual se emocionou ao olhar para a sua mãe, presente na audiência.

A cumplicidade entre ambas era notória, e essa intimidade proporcionou à plateia momentos de grande boa disposição e gargalhadas, como assistir à conversa de duas grandes amigas permite. Falou-se de amigos, de amor, de família, de filhos e, claro, de canções. Seguindo um rumo já conhecido de quem assistiu ao “Conta-me Uma Canção”, partilharam experiências sobre a escrita de canções, a composição para si mesmas e para outros artistas. A este propósito, Márcia cantou “Maria Jorge”, escrita originalmente para Ana Bacalhau e Luísa cantou “Não Vás Já”, criada para Mimi Froes. Márcia entoou então a segunda versão da noite, ao cantar “Todos Gozam”, de Luísa, antes de se juntarem para uma interpretação deslumbrante de um clássico: “River”, de Joni Mitchell. Ainda antes do final, a surpresa que Márcia preparou para Luísa: um vídeo com imagens ilustrativas da amizade que as une, que acompanharam uma reinterpretação da canção de abertura, “Coisas Pequeninas”.
 
O público que lotou o Teatro Maria Matos exigiu o regresso ao palco, havendo ainda tempo para um encore, que abriu com a canção “Serei Sempre Uma Mulher”, que Luísa Sobral escreveu inspirada pelo triste retrocesso social que as mulheres afegãs sofrem, lembrando a importância da solidariedade entre todas as mulheres. A noite encerrou com “Desmazelo”, de Márcia, cantada pelas duas acompanhadas pela audiência, seguida de uma ovação de pé.

O segundo ciclo de “Conta-me Uma Canção” ao vivo chegou assim ao fim, depois de quatro sessões no Teatro Maria Matos. Uma experiência única, que promete regressar no início de 2025 com datas e criadores a divulgar brevemente.
 
A produção do “Conta-me Uma Canção” expressa os seus agradecimentos aos criadores que fizeram parte da edição deste ano – Capicua; Luísa Sobral; Márcia; Miguel Angelo; Samuel Úria; Sérgio Godinho; Surma; e TOMARA. Também, ao Teatro Maria Matos, que nestes dias se transformou na “casa da canção”. E ainda, fundamentais na produção, execução e comunicação:
            Som: Nelson Carvalho assistido por Tiago Correia e Bernardo Estrela
            Iluminação: Luís Duarte assistido por Ricardo
            Direcção de cena: António Gomes, Jé
            Imagem: Joana Linda
            Artwork: Silas Ferreira
            Comunicação: O Colectivo
            Media partners: RTP; Antena 1
            Agradecimentos pela cedência de equipamento para cenografia: Samuel Úria, Nelson Carvalho, Namouche e Silas Ferreira.

Vachier & Associados
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